Rubem Valentin nasceu em Salvador, na Bahia, em 1922. Começou a pintar na década de 1940 e, junto com outros artistas, contribuiu para o movimento de renovação do panorama cultural baiano. Formou-se em odontologia, trabalhou alguns anos e, aos poucos, foi deixando essa profissão para dedicar-se a arte (pintura e escultura).

Era considerado um artista muito a frente do seu tempo, já praticava pinturas não figurativas de base geométrica, em uma época e local em que o abstracionismo não era abem aceito.

Ao se mudar para o Rio de Janeiro, começou a participar da vida artística das duas cidades, expondo sua arte em Salões de Arte e Bienais. Ganhou vários prêmios, dentre eles algumas viagens para o exterior. Depois de participar do Festival Mundial de Artes Negras de Dacar (Senegal), voltou ao Brasil (Brasília), onde aceitou dirigir o Ateliê Livre do Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília.

Depois de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, os convites começaram a chegar do exterior: Alemanha, Colômbia, Japão, entre outros e sua arte foi sendo reconhecida pelo mundo todo. As raízes de sua obras estão no povo brasileiro, suas crendices, ritos e festas folclóricas.

Rubem Valentim partiu  de uma arte com fortes elementos parisienses e passou a utilizar sua identidade ancestral africana. Intuiu o caminho entre o popular e o erudito e, após ter feito algumas composições, passou a ver instrumentos simbólicos nas ferramentas do candomblé: abebês, paxorôs e ocês.

Sua necessidade construtiva foi reforçada pelo movimento concretista em ascenção no RJ, mas não se filiou ao movimento e passou a estruturar ainda com mais rigor suas obras, destacando um colorido sensual e profundo. Talvez por causa da espacialidade característica de Brasília, suas obras deixaram os suportes bidimensionais e adquiriram formas tridimensionais.

Seu trabalho transformou-se em totens, altares, estandartes e esculturas pintadas. Rubem Valentim é considerado por estudiosos como o pioneiro de uma arte semiótica brasileira. Ele faleceu em São Paulo em 1991, deixando um patrimônio artístico totalmente inédito para todo o mundo, principalmente no que diz respeito a influência negra retratada.

 Fonte: “Comemorando e Aprendendo” vol 04 – Ivete Raffa – Editora Rideel