EDIÇÃO 27

Aluno indisciplinado, tem jeito?

Muitos professores acham que se forem bonzinhos, permissivos vão conseguir “ganhar” o alunos. Grande engano, o que se vê é que o professor que age dessa forma acaba perdendo sua identidade como pessoa. É muito importante que existam limites bem claros, bem definidos e que haja o acompanhamento do processo de construção do conhecimento de forma efetiva.

Na sala de aula a conversa entre os alunos é inevitável; é impossível ficar ao lado dos amigos sem conversar; o que devemos fazer é aproveitar essa conversa como instrumento para um trabalho pedagógico, aprender a ser um administrador de conversas, expositor de desafios, instigador de perguntas. Celso Antunes, autor de mais de 200 livros didáticos e paradidáticos, alerta que devemos tomar cuidado com o silêncio humano. Este esconde muitas vezes problemas emocionais ou disfunções agudas.
Ao ensinar, é fundamental que o professor peça aos seus alunos que opinem, sugiram, contem coisas de seu eu e de seu mundo. Jamais mate a curiosidade apresentando rapidamente a resposta; faça-os buscar pelos caminhos da pesquisa, pela reflexão do debate. E nunca se esqueça de levar para a sala de aula o sorriso, a boa educação e o bom senso.

Com alunos difíceis, ou seja, aqueles que não querem nada com a aula, procure não se exasperar, dar broncas. Após o final da aula chame esse aluno para conversar; faça-o descobrir que você quer ajudá-lo.  Diálogo, polidez e bom humor são aliados incondicionais para o bom relacionamento entre professores e alunos em sala de aula.

Existem algumas ideias levantadas por Celso Antunes que podem auxiliar os professores em seu dia a dia, obtendo assim maior prazer e sucesso no seu trabalho, são elas:

– Definir de forma clara e cristalina as regras disciplinares.
– Estabelecer canais límpidos de comunicação entre os alunos, diretores, pais, orientadores e professores.
– Assiduidade e pontualidade.
– Associar o conhecimento novo aos saberes que os alunos possuem.
– Preparar de maneira cuidadosa a aula.
– Traçar um projeto de atividades anuais, dividindo suas etapas semana após semana.
– Estabelecer, se possível em consenso com a classe, os limites desejáveis das condutas e cobrá-los sempre de maneira imediata e coerente.
– Entrar em sala e, sem demora, iniciar a aula.
– Cobrar, com firmeza, mas sempre com bom humor (quando possível), a colaboração de todos e ser um árbitro sereno no cumprimento das regras de conduta em consenso com a classe.Falar com expressividade e clareza.
– Iniciar os trabalhos com um plano de aula simples, mas objetivo e coerente.
– Movimentar-se todo o tempo, manter-se alerta a todos e também a todas as ocorrências.
– Mostrar sempre disposição para manter a calma e a serenidade, mesmo em situações mais difíceis.

–  Saber dar a devida importância ao tom de voz empregado e estudar a linguagem gestual.
-Jamais comparar-se a qualquer colega. Nunca comparar um aluno ou uma classe com outra.
– Distribuir com uniformidade, serenidade e justiça a atenção de todos.
– Analisar com calma as razões que podem levar alunos ao desinteresse ou a indisciplina e discutir, particularmente com os mesmos essa postura.
– Conhecer diferentes estratégias de ensino, jogos operatórios, técnicas de ensino e aprendizagem.
– Possuir projetos de avaliação claros e explícitos.
– Manter atualizados seus registros e suas notas.
– Cumprir com integridade tudo quanto prometeu.
– Ensinar utilizando diferentes recursos e estratégias para despertar a curiosidade e incentivar os alunos em sala de aula e projetos é eficiente medida contra a indisciplina.
– Fazer das perguntas uma eficiente ferramenta de aprendizagem.
– Não se desgastar ensinando aos alunos tudo aquilo que sozinhos eles podem aprender.
– Estimular o aluno para interpretar o aprendizado usando diferentes habilidades.
– Ensinar seus alunos a leitura dos saberes que se encontram em diferentes linguagens.
– Saber delegar aos alunos tarefas e funções junto à classe que explorem capacidades de aprender e de
aprendizagem.
– Fazer revisões periódicas daquilo que foi aprendido.
– Organizar de forma eficaz, na medida do possível combinando com os alunos, o espaço da sala de aula e a disposição dos lugares de cada um.
– Cuidar da sua apresentação, dignificando a importância e até o sentido do ato pedagógico.
– Mostrar atenção aos problemas dos alunos.
– Concluir a aula de maneira amistosa e bem humorada.

É importante destacar que os passos sugeridos costumam ajudar a resolver parte expressiva dos problemas disciplinares; mas não os eliminam por completo. A continuidade de aplicação dos procedimentos é que pode garantir a perenidade dos bons comportamentos, da participação dos estudantes nas aulas, o debate em torno das ideias e conteúdos trabalhados.

Para concluir, o professor precisa ser amigo dos alunos, companheiro e compreensivo, ter a mentalidade aberta e acompanhar o processo de construção do conhecimento, atuando como agente entre os objetos do saber e a aprendizagem e ter a certeza de que, quem educa semeia um futuro melhor…

Fonte: “Professor Bonzinho + Aluno Difícil” – (Celso Antunes) – Ed. Vozes

Ivete Raffa
Arte educadora e pedagoga
www.iveteraffa.com.br