EDIÇÃO 18

A arte de pintar

A pintura acompanha o ser humano por toda a sua história. Ainda que durante o período grego clássico não tenha se desenvolvido tanto quanto a escultura, a pintura foi uma das principais formas de representação dos povos medievais, do Renascimento até o século XVIII.

A partir do século XIX, com o crescimento da técnica de reprodução de imagens, graças à Revolução Industrial,  a pintura de cavalete perde o espaço que tinha no mercado. Até então a gravura era a única forma de reprodução de imagens, trabalho muitas vezes realizado por pintores. Mas com o surgimento da fotografia, a função principal da pintura de cavalete, a representação de imagens, enfrenta uma competição difícil. Essa é, de certa maneira, a crise da imagem única e o apogeu de reprodução em massa.

No século XX a pintura de cavalete se mantém através da difusão da galeria de arte. Mas a técnica da pintura continua a ser valorizada por vários tipos de designers (ilustradores, estilistas, etc.), especialmente na publicidade. Várias formas de reprodução técnica surgem nesse século, como o vídeo e diversos avanços na produção gráfica. A longo do século XX vários artistas (dadaístas e membros da pop art) fazem experimentações com a pintura e a fotografia, criando colagens e gravuras. Mas é com o advento da computação gráfica que a técnica da pintura se une completamente à fotografia. A imagem digital, por ser composta por pixeis, é um suporte em que se pode misturar as técnicas de pintura, desenho, escultura (3D) e fotografia.

A partir da revolução da arte moderna e das novas tecnologias, os pintores adaptaram técnicas tradicionais ou as abandonaram, criando novas formas de representação e expressão visual.
Na base das artes visuais está o mecanismo da visão, cérebro e mãos. É com as mãos que desenhamos, pintamos, esculpimos, etc. Para isso precisamos, além das mãos, de vários materiais, isto é, instrumentos que possibilitem realizar as ações como: lápis, giz, tintas, pincel, cinzel, entre outros. Manipulados pelo homem, os instrumentos fazem o registro das ideias, materializando visualmente o pensamento.

Tipos de suportes que utilizamos para pintar:

Podemos pintar em vários tipos de suportes como: tela, porcelana, madeira, plástico, vidro, gesso, espelho, tampas de pizza, garrafas PET, latas de alumínio, caixas (sucatas), azulejos, papéis, EVA entre outros.
É necessário observar qual o material utilizar, uma vez que para cada base o material deverá ser específico.

Tipos de materiais que utilizamos para pintar:

I – Materiais para pintura secos

a)    Carvão
O carvão é um material clássico no desenho, talvez o mais antigo. Usa-se para esboçar ou para desenhos e pinturas definitivas, de acordo com o suporte e a intenção. Atualmente é correntemente usado em aulas de artes visuais e em escolas e academias de arte, pois proporciona gradações muito expressivas.
O trabalho de carvão é muito frágil. No final dos trabalhos o desenho deve ser fixado, coberto com um spray próprio, ou com uma solução vaporizada de álcool e goma laca.

b) Lápis preto
O grafite foi o antecessor do lápis de preto. Ele foi descoberto na Baviera em 1.400.  No passado usavam alguns materiais na confecção das minas como cera, goma-laca, resina, etc.
Hoje, existem no mercado uma variedade enorme de qualidades de grafite, mais grossas, mais finas, mais duras, mais macias, enfim, cada tipo é utilizado para uma determinada função.

Dura                                              Média                                              Macia
8H  7H  6H  5H  4H  3H  2H  H  HB  F  B  2B  3B  4B  5B  6B  7B  8B  9B

Por “H” entende-se “Hard” – mina dura
Por “B” entende-se “Brand” – mina macia
Por ”HB” entende-se “Hard/Brand” – mina de dureza média

         Os lápis pretos podem ser usados praticamente em todas as superfícies, menos nas plastificadas, onde adere mal. Quase todos os tipos de papel – lisos, texturizados, rugosos – são também suportes adequados. Neles podemos realizar trabalhos com várias tonalidades de cinza.  O tipo de papel que se usa é importantíssimo pois determina a forma como a grafite vai se comportar, Papéis coloridos são frequentemente usados para trabalhos de desenho e grafite.

c) Lápis de cor
Os lápis coloridos fazem a alegria da criançada. Qualquer criança sonha em ter uma caixa de lápis de cor com 36 cores.
A boa qualidade de um lápis de cor é fundamental para o êxito de um trabalho. Bem utilizados, podem produzir trabalhos esplêndidos.
A mistura e a sobreposição de cores valoriza o cromatismo fazendo com que um simples desenho ganhe mais vida.
Existem lápis de cor de durezas diferentes, são três tipos principais:
a) Lápis de mina grossa e relativamente macia que são resistentes à luz e água e não precisam de fixador.
b) Lápis de mina mais fina e mais dura, são usados para desenhos com muitos detalhes, também resistentes a água.
c) Os lápis de minas solúveis em água (aquareláveis) permitem um trabalho misto de desenho e aquarela.

d) Giz de cera
É um material escolar, usado principalmente para desenhar, constituído principalmente por parafina, pigmentos e cargas, apresentando uma vasta variedade de cores, graças a mistura de seus corantes.
O giz de cera é muito usado por crianças na fase pré-escolar, por seu traço grosso, colorido e sua facilidade de uso. Em outras ocasiões, por sua suavidade nos contornos são usados deitados, raspados, misturados com guache ou para dar textura a um trabalho.
O seu uso é um pouco prejudicado pela facilidade de se quebrar ao cair e o traço grosso dificulta pequenos detalhes, mas nada que impeça bons trabalhos.
Além do “Giz de cera”, existe o “Giz pastel seco” e o “Giz de cera oleoso” que proporcionam excelentes resultados de pintura mas são usados principalmente nas pinturas artísticas.

II – Materiais de pintura aquosos
a) Pintura a dedo
A pintura a dedo é, geralmente, o primeiro contato físico da criança com o mundo das tintas, com as cores e a criação.
Esse tipo de atividade estimula a criatividade, faz com que as crianças fiquem mais desinibidas, contribui para o desenvolvimento da coordenação motora e da percepção tátil.
O ato de “carimbar” os dedos sobre uma base, significa “deixar a própria marca” e essa atitude acompanha o ser humano desde o início da civilização.

b) Tinta Guache
Na Idade Média já se usavam guaches nas iluminuras. Embora o guache seja principalmente uma técnica de pintura, é também, usado muitas vezes para desenho e ilustrações ou ainda para trabalhar em conjunto com materiais variados de desenho.
Guache é uma palavra que provem do Italiano “Guazzo” que quer dizer tinta de água. O termo foi originalmente cunhado no século XVIII em França, embora a técnica seja muito mais antiga, utilizada frequentemente no início do século XVI na Europa.
O guache é diluido em água até ter mais ou menos a consistência do azeite e o ideal é aplicá-lo em papéis de alta gramatura para não enrugar ou esfarelar.

c) Tinta Acrílica
Tinta Acrílica é uma tinta sintética solúvel em água que pode ser usada em camadas espessas ou finas, permitindo ao artista combinar as técnicas da pintura a óleo e aquarela.
A tinta acrílica possui uma secagem muito rápida, em oposição à tinta óleo que chega a demorar meses para secar completamente em trabalhos com camadas espessas, possui um odor menos intenso.
Sua praticidade, já que não depende de secantes e o diluente é a água, não é nociva ao pintor. Seca rápido e a matriz cromática é ampla, a torna muito popular entre artistas contemporâneos.

Nesta edição você encontrará várias sugestões de pintura com lápis de cor (oficina) e, nos próximos meses, estaremos sugerindo várias atividades de pintura envolvendo os demais materiais usados nas aulas de da Ed. Infantil, do Ensino Fundamental I e Artes.
Aguardem!!!!!

Ivete Raffa
Arte educadora e pedagoga
www.iveteraffa.com.br